quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O Ócio Criativo - Domenico De Masi

Trechos retirados do livro O Ócio Criativo de Domenico De Masi:

"O homem que trabalha perde tempo precioso" é o lema que flutua na tela do computador Domenico De Masi. Isso significa que para ele trabalhar o menos possível é uma filosofia de vida? Ou traduz a aspiração a uma virtude que lhe falta?

O lema sintetiza a teoria de De Masi: o futuro pertence a quem souber libertar-se da idéia tradicional do trabalho como obrigação e for capaz de apostar numa mistura de atividades, onde o trabalho se confundirá com o tempo livre e o estudo. Enfim, o futuro é de quem exercitará o "ócio criativo"

Maria Serena Palieri

Segundo De Masi, "o ócio pode transformar-se em violência, neurose, vício e preguiça, mas pode também elevar-se para a arte, a criatividade e a liberdade. É no tempo livre que passamos a maior parte de nossos dias e é nele que devemos concentrar nossas potencialidades."

O livro se descreve como foi a evolução do trabalho pós industrial e demonstra como o trabalho era na Grécia Antiga entre outros países e épocas. É interessante como o modelo industrial moldou o nosso método de trabalho atual.

O modelo que estou falando é bem descrito na música Matthew and Son de Cat Stevens, clique abaixo para escutar enquanto lê.



"Quando trabalhamos, devemos trabalhar. Quando jogamos, devemos jogar. A nada serve tentar misturar as duas coisas. O único objetivo deve ser aquele de desempenhar um trabalho e de ser pago por isso. Quando o trabalho estiver terminado, pode então começar o jogo, mas não antes."

Henry Ford

Foi a indústria que separou o lar do trabalho, a vida das mulheres da vida dos homens, o cansaço da diversão. Foi com o advento da indústria que o trabalho assumiu uma importância desproporcionada, tornando-se a categoria dominante na vida humana, em relação à qual qualquer coisa - família, estudo, tempo livre - permaneceu subordinada. Na época rural o camponês e o artesão viviam no mesmo lugar em que trabalhavam, o tempo que dedicavam ao trabalho misturava-se ao das tarefas domésticas, ao dedicado a cantorias e a outras distrações.

De Masi propõe desenha os modelos de trabalhos e o ideal, qual ele chama de o "ócio criativo":


O trabalho que se limita à execução e não há o lúdico nem o aprendizado é a área 1. Como vemos no clássico Tempos Modernos interpretado por Charles Chaplin.




Na área 2 são profissionais que são pagos para fazer somente pesquisas e estudos.

A área 3 acredito que podemos considerar jogadores profissionais como alguns jogadores que não chegam  nem a estudar  para praticar o esporte.

Mas as áreas de uma forma geral se intercalam, por exemplo, uma equipe cinematográfica que se diverte trabalhando (área 4),  equipe de cientistas fazendo experimentos (área 6) e jogadores profissionais de poker ou xadrez (área 5).

A área 7 é o chamado Ócio Criativo, onde se misturam o jogo, o trabalho e o estudo.

"Aquele que é mestre na arte de viver faz pouca distinção entre o seu trabalho e o seu tempo livre, entre a sua mente e o seu corpo, entre sua educação e a sua recreação, entre seu amor e a sua religião. Distingue uma coisa da outra com dificuldade. Almeja, simplesmente, a excelência em qualquer coisa que faça, deixando aos demais a tarefa de decidir se está trabalhando ou se divertindo. Ele acredita que está sempre fazendo as duas coisas ao mesmo tempo."
Pensamento Zen

Um dos pontos interessantes do livro é que De Masi deixa claro que não é tão fácil conseguir alcançar o ócio criativo pelo simples motivo de estarmos tão condicionados a separar o trabalho das outras coisas que precisaríamos de uma reeducação. Um exemplo dado no livro é de que as pessoas que mal conseguem organizar uma viagem para descanso e acabam contratando uma equipe de turismo para fazer o descanço delas e acabas mais cansadas do que antes de viajar.




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